Ontem aconteceu.
O meu adolescente anda irritadiço: início das aulas; início das actividades de ginásio; readaptar-se a amigos e amigas que nas férias, tal como ele, cresceram mais um palmo e mudaram de feitio; sono desregulado; hormonas aos saltos; mau ambiente em casa; ... Tudo contribui para o seu estado intranquilo.
Hoje despejou o saco sobre mim. Confesso: não gosto que isto aconteça, mas sei que às vezes tenho de ser o seu saco de boxe. Houve tempos em que não compreendia essa sua necessidade e reagia mal, mas hoje tento fazer desses momentos oportunidades de aproximação.
Mas ainda não lido bem com os casos em que ele puxa de palavras que me põem em causa perante a mãe. Palavras que eu reconheço das que ela me diz. Não que eles não possam ter ideias comuns – podem. Mas anda no ar um certo perfume manipulativo…
Ao fim dum certo tempo ela veio à conversa. E foi aí que o rapaz acabou por se irritar e desapareceu! Ficámos os dois, o momento ideal para o inevitável "estás a ver, até os teus filhos dizem de ti que...". Pois... dizem, sim, sei que não sou um anjo.
Mas a verdade é que ele não conseguiu adormecer nessa noite: fui para o quarto dele, conversámos lindamente, entendi-o, entendemo-nos. Depois disso, eu ainda fui trabalhar e ele adormeceu com carita de anjo!
E eu também adormeci mais feliz!