segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

APOIO EM SITUAÇÕES DE RUPTURA

● Tenho reparado, com muito gosto, que há uma série de pessoas que seguem este meu blog com alguma regularidade. Não são nenhuma maré de gente, mas serão por certo pessoas que se identificam com aquilo que eu escrevo, com aquilo que eu vivo. Não nos conhecemos, mas partilhamos concerteza sentimentos, emoções... enfim, atravessamos momentos e problemas semelhantes.

● Contudo, apenas lêm… mas não comunicam, não escrevem para cá, não se expõem mesmo a coberto do anonimato que está implícito. Nalguns casos mandam-me um mail… mas são poucos os casos.

● Ora, a experiência têm-me mostrado:

A vantagem do desabafo: “deitar” cá para fora junto de pessoas que sinto que me compreendem porque se identificam com o meu problema, dá-me um imenso alívio…

A vantagem da partilha do problema: pessoas que estão fora do meu ambiente por vezes fazem-me reparos e chamadas de atenção que, por serem independentes e não viciados, me têm ajudado a enfrentar o meu Cabo das Tormentas.


● Foi importante para mim começar a descobrir que ganho novo alento e nova coragem junto de outros em situações semelhantes, pois:

Há problemas que eu vivo e que não são estranhos à raça humana, como me fazem crer cá em casa: são comuns a muita gente, existem em muitos lares. É-me muito confortável ver isso, preto no branco, ao conversar com outros, dá-me muita convicção! Saber que os meus problemas são comuns a outros torna-me num ser mais “simples”, mais "natural”, menos “bizarro”, enfim, mais "humano". E o mesmo se aplica no vice-versa :-)

Numa discussão de casal, percebemos melhor o “outro” (motivações não explícitas; vícios de conversação; …), relativizamos melhor o que nos parece ameaçador, enfim, “situamo-nos” melhor se conhecermos experiências de outros… a quem até somos capazes de dar bons conselhos! Por exemplo, dar valor ao factor “tempo”, à paciência para esperar o melhor momento para…

● Porque partilhar problemas faz bem, renovo o desafio: acompanhem este blog mas ajudem-me com os vossos comentários. Ou directamente com comentários no Blog ou enviando um mail para jacinto.lucio@gmail.com


● Fico à vossa espera.

5 comentários:

- disse...

Ora bem, olhando para o teu texto posso dizer que ja vivi algo parecido mas no papel de filha...

E sim sou muito hostil em relação ao meu pai.
Esse sentimento foi incutido inicialmente pela minha mãe é verdade. A minha mãe é uma pessoa muito exigente e "dona da verdade" - quem segue caminhos diferentes faz mal...

Uma pessoa pensa, reflecte e volta a dar no mesmo. Sim é verdade a minha mãe não aceita muita coisa. Mas só sei dizer que o meu pai me magoou muito directamente (verbalmente) e indirectamente (magoava a minha mãe que descarregava em mim, porque não tinha mais ninguém!).

O meu pai nunca se importou comigo, nunca me mandou estudar e muitas vezes interrompia o meu estudo, muitas vezes ignorava-me (vivemos na mesma casa mal falavamos e as vezes na hora de almoço via-o e passava perto ele, nunca me dizia nada - eu é perguntava "Que anda a fazer?").
Nunca se portou como um pai que está atento aos filhos, como eles se sentem e porquê, o que se passa na cabeça deles e por aí diante. Era uma pessoa a qeum me habituei a nunca pedir nada mesmo, nem um único rebuçado ou uma pastilha elastica quanto mais prendas de natal ou seja lá o que for. Uma vez deu-me um peluche que algum homem ganhou numa maquina de café qualquer e nunca me disse quem lhe deu.

Desde pequenina vivo num ambiente muito instável, discussões para aqui e para acolá e começavam porque estava um papel em cima da mesa a dizer para no dia seguinte nao esquecer telefonar para o dentista.

É meu pai. Mas nunca se comportou como tal. Por isso só digo uma coisa, por mais complicad que seja a situação com a mulher, nunca mas nunca a transporte para cima dos filhos.
Eu sempre me senti muito mal, senti-me culpada. senti me um estrobilho, queria fugir de casa mas nunca o fiz porque queria proteger a minha mãe e o meu mano (tantas vezs que apos uma discussão ele ficava a chorar!)...
Aguentei, aguentei...

É verdade a minha mãe muitas vezes não dizia as palavras da forma mais carinhosa e simpatica e eu isso compreendo que o meu pai não gostasse, mas o que eu não compreendo é a atitude agressiva e bruta durante muitos anos.

Eu tinha medo de falar. Eu era alegre (em pequenina mas quando fui percebendo o que se passa) fui me tornando muito introspectiva. Guardava tudo para mim, ninguém queira saber´o que não é querer viver.

Hoje o meu pai ainda vive connosco. Digo o que calha como calha, nunca me apoiou em nada e ainda me goza, qualquer coisa que lhe diga ele espalha em qualquer café. Apenas o faço por obrigação. Já lhe disse que quando ele precisar de ajuda sou a primeira pessoa a abandoná-lo.

A relação entre o meu pai e aminha mãe já esta muito melhor, porque a minha maeja esta a dormir quando ela chega a casa (9h) e assim mas isso n importa...

Nao sei qual a situação nao sei nada...só sei dizer que fala, mas nao a gritar, fala com calma e serenidade. Tenta esclarecer o que se passa, se ambos criaram um projecto (casamento) o que se passou para não se entenderem bem e o faz andar ás avessas. Diz-lhe as frases que ela te diz e que te magoam e porque é que ela faz isso? porque te quer atingir? O que ganham com isso? porque não falam (falar calmamente e com muia paciencia por muito que custe) e mostrarem um ao outro o nao esta bem e depois colaborarem AMBOS!!!

Eu estou a falar de fora, e é sempre muito facil. A minah experiencia também foi muito traumatizante ...

Só digo...toma atençao aos filhoss.

Sara Veiga disse...

Tome as rédeas da sua vida.
Se assim não for, está a morrer todos os dias um bocadinho.
Os seus filhos verão em si um exemplo, alguém que luta pela felicidade.

Coragem.
Não é fácil. Dói. Mas compensa.

Jacinto Lúcio disse...

A minha resposta para: FANTASIA.


Foi curioso observar o seu ponto de vista de filha de um casal desavindo… Gostava de lhe perguntar ou dizer duas ou três coisas.

1) “Por isso só digo uma coisa, por mais complicada que seja a situação com a mulher, nunca mas nunca a transporte para cima dos filhos. Eu sempre me senti muito mal, senti-me culpada.”. Ajude-me a perceber melhor o que pode levar os filhos a sentirem-se culpados: culpados de quê? Porquê? Pergunto isto porque, ao observar os meus filhos, tento perceber se eles vivem esse tipo de problema, mas não consegui chegar a uma conclusão…

2) “E sim sou muito hostil em relação ao meu pai. (…) Já lhe disse que quando ele precisar de ajuda sou a primeira pessoa a abandoná-lo.(…) mas o que eu não compreendo é a atitude agressiva e bruta durante muitos anos”. Acho que tem aqui muito para reflectir. Olhe que os pais também podem ser inseguros, duvidar deles próprios e do amor / dedicação dos filhos. Então na fase da adolescência dos filhos isso é quase um caos, as nossas dificuldades de pais (relacionais, educacionais, afectivas, …) ficam mais expostas, temos mais dúvidas, mais incertezas, mais angústias… E se o casamento não vai bem, pior ainda: o medo de perder os filhos ou de estragar a relação com eles é imensa. Há quem fuja para a frente e em vez de reforçar os afectos com eles, reforça outras coisas (mais autoritário, mais grosseiro, …). Sei que é fácil de o dizer, mas não ser hostil em relação ao pai ajudaria a tranquilizá-lo (provavelmente ele precisa de sentir-se menos exposto às más recordações que tem sobre a forma como construiu a relação com a filha e de se “perdoar” pelo que correu mal); a ideia de você ser a primeira a abandoná-lo … idem aspas – só aprofunda más sensações, cria pouca esperança, não ajuda a estabelecer pontes; a ideia de você ser a primeira a abandoná-lo também sugere que há dentro de si uma grande raiva que deveria ser canalizada de outra forma; acho que está mesmo a precisar de compreender a atitude agressiva dele e bruta durante anos, e se o conseguir acho que terá dado um grande passo para reconquistar aquilo de que precisa: um Pai!

3) “A minha mãe é uma pessoa muito exigente e "dona da verdade" - quem segue caminhos diferentes faz mal” – mesmo assim não hesite em seguir o seu…

Obrigado pelo seu contributo.

- disse...

Não me apercebi que o 3ºcomentário era para eu responder.

Respondo tarde, mas acho que ainda vai a tempo. É assim, como é que eu me sentia culpada? Bastava eu começar a falar sobre qualquer coisa que dava na televisão, por exemplo e o meu pai dizia coisas do género "deviam logo matá-lo, ou entao se a policia não faz nada dar~lhe uns murros " (isto mas aos berros como se o assalto ou seja lá o que for estivesse a acontecer ali ..o que sente uma criança - medo). Há o instinto natural de uma criança ser reguila, não estar sossegada e uma pessoa perde essa vontade, sem se aperceber. Isto é só uma situação, outra que me lembro (tinhas 12 anos ou qualquer coisa assim, a minha mãe não tinha tempo e mandou-me a mim) e ainda não tinha muita experiencia na cozinha e não gostava de cozinhar (ainda hj n gosto...mas tem de ser) e entao desleixei qualquer coisa acho que foi o puré de batata ficou mais líquido que devia (devia ter posto menos leite...) e então o meu pai quando chega a casa (com os copos e já bastante chato) e em vez de reclamar comigo porque fui eu que fiz o comer (apesar de lhe dizer) parecia que tinha gosto em discutir com a minha mae e em vez de me repreender ía chatear o juízo há minha mãe e discussão para aqui e para acola. Só sei que fui dormir, bem como o meu mano e a minha mae também só para não o aturar. No dia seguinte havia puré espalhado pela cozinha. E eu, fui eu que fiz mal. Não conheço a tua situação é muito complicado. E é assim eu sou hostil em relação ao meu pai mas não o demostro, porque não posso. Mas cá dentro só Deus sabe. Apenas em situações extremas que eu digo isso a ver se ele pára. Mas ele teve, tem e continuará a ter hábitos etilicos (quase todos os dias, depende do peso da carteira). Penso que não tens esse problema. Quando o mal feito é dos filhos há que repreende-los. E quando, enfim, discussões conjugais evitar ao maximo pôr os filhos no meio. Acredita no meu caso eu deixei d eviver a minha vida pk não tinha quem me ajudasse. com quem desabafar, a minha mae sempre desabafou comigo e depois tinha vergonha de contar aos amigos. Ainda hj são poucas as pessoas que conhecem este lado. Não te sei dizer como, só sei que me sentia culpada.
Quanto ao segundo ponto, é bem verdade. Mas de que adianta? Não vale enquanto o meu pai se refugiar no alcool, apesar de toda a familia o tentar persuadir (até a sua própria mãe e irmãs?!). E se ele admitisse, mas não ele diz que pára quando ele quiser. Ora bem, 19anos não me lembro de o ver um mês sempre sóbrio!
Além disso, a minha avo paterna intrometeu-se desde sempre entre o casamento do meu pai e da minha mae.
E quanto ao ultimo ponto. Acredita que tem muito que se lhe diga. Agora, longe de casa e da familia uma pessoa aprende muito e tem que contar com ela própria... Mas sabes qual a sensação de se estar a jantar e falar o que uma pessoa quiser? É tao bom!!! Sem constantes recriminações e discussões. Mas há alturas em que uma pessoa precisa mesmo de alguém. A minha mae ja tem tanta coisa que muitas vezes não desabafo com ela. Uma pessoa vira-se para os amigos, mas a magoa que tem cá dentro é muito grande. E alem disso evito ao maximo contrariar a minha mae. Eu se cheguei onde cheguei foi graças a ela, não tenho mais ninguém. E quando entro em conflito com ela é duro, sinto-me mesmo mal.
Mas não sei se é por estar longe, se porque a idade já fala, é raro isso acontecer.Falamos muito, mas se eu souber bem argumentar as coisas, está tudo bem.

Pelo que estou a ver és uma pessoa preocupada. Continua! E boa sorte...

Anónimo disse...

Qual a razão de viver consecutivamente infeliz.
Porque não o divórcio? Não é certamente pelos filhos. Tentamos sempre esse argumento quando não temos coragem de seguir em frente.
Será que vale a pena viver assim?